Tadej Pogacar sem tecnologia.

Há por ai muito boa gente a confundir a obra prima, com a prima do mestre de orbras!

Tadej Pogacar deu-nos neste Tour (2020) uma lição de resiliência.

O jovem de 21 anos torna-se o segundo atleta mais jovem a vencer aquela que hoje é a referência do ciclismo mundial de estrada, prova que teve inicio com o intuito de apenas vender mais jornais e que até a mítica camisola amarela representa a cor das páginas do jornal que pretendia promover.

Desde esse tempo tudo mudou. Já ninguém conhece o jornal, os jornais já não têm páginas amarelas, os jornais impressos já pouca expressão têm e o próprio ciclismo não é o mesmo.

O ciclismo de hoje é um ciclismo de homens e métrica. Métrica essa que permitiu a Tadej Pogacar ter lugar na equipa. O ciclismo de hoje é feito de tácticas e estratégias, coletivas  individuais que na maioria dos casos passa ao lado do conhecimento dos fãs, até mesmo dos mais fanáticos.

Hoje, olhar para o cilcista em cima da bicicleta e ver apenas um homem (ou mulher) a pedalar, é como olhar para um ovo estrelado no prato e acreditar que ele nasceu assim.

Temos o ovo dentro da casca e isto marca o potencial, depois falta tudo o resto. Alguém espreite para a caixa e veja naquele ovo algo que o faz diferente dos demais, alguém que acredite no que está por dentro. Pôr o ovo nas mãos de um experiente cozinheiro, com a habilidade de partir a casca de cálcio no sitio certo sem furar a gema, que escolha a frigideira certa, que a coloque à temperatura certa e faça cair o ovo da altura certa no momento certo e depois lhe dê a paciência e o tempo deste de cozinhar, com aquela pitada de tempero que vai ajudar a tornar melhor o que já era bom. O tempo certo vai fazer a diferença entre uma gema no ponto e uma gema recozida, o deslizar para o prato e levar à mesa ainda quente.

Os que viram Tadej Pogacar vencer o contra-relógio e valorizam a ausência de tecnologia no momento, são os que olham para o ovo estrelado no prato e acreditam que tudo nasceu ali.

Se hoje jovens há uma geração de jovens que brilham na elite do ciclismo mundial, é porque há quem por mestria já seja capaz de identificar os melhores ovos num cesto e não os trate como qualquer ovo choco.

A ciência, tal como a magia está lá! Só acreditar não basta, senão convido-vos a todos a acreditar que têm asas e a saltar de uma ponte, baixa de preferência, para que as consequências da desilusão seja apenas um banho de água fria.

Contra todos os potenciometristas tenho lutado, argumentando que a melhor ferramenta de avaliação é a que vai dentro de ti e não me refiro à alma, mas sim ao coração. Mas se o atleta tiver um potenciómetro para treinar, melhor!

Mas no momento de correr, ai é pernas, inteligência e alma! De preferência por esta mesma ordem!!

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