O meu filho gosta de usar lycra, será Gay?

Podia ser o titulo de um artigo numa daquelas revistas femininas, mas não é! É apenas um “teaser” para chamar a atenção para um assunto sério.

O ciclismo será sempre um problema para os pais de jovens que nele vem a sua expressão desportiva, ou até social.

Numa sociedade cada vez mais super-protetora das suas crianças, uma educação quase sufocante de liberdade de movimento e/ou expressão, onde o pátio de jovens e crianças é cada vez mais o quarto, ou a sala com vista para os jogos electrónicos, redes sociais e smartphones, ser pai e aceitar o ciclismo como desporto, pode ser algo extremamente destabilizador e anormal.

O ciclismo pode começar logo em cedo e aos anos as crianças começam no BMX Race. O que até aqui não é nada de mau, ou fora do “comum” (comparação com os desportos tradicionais de pavilhão), o BMX Race pratica-se em pista fechada e logo, os pais e mães podem não tirar o filho debaixo de olho. Mas ao sair-mos para o ciclismo mais tradicional, ai é que o caldo está entornado.

O francisco é benjamim (classe de benjamins 7/8 anos, fazem apenas destreza nas provas oficiais), aqui durante uma das mangas no Encontro Nacional de Escolas de Ciclismo em Almeirim.

O francisco é benjamim (classe de benjamins 7/8 anos, fazem apenas destreza nas provas oficiais), aqui durante uma das mangas no Encontro Nacional de Escolas de Ciclismo em Almeirim.

Dos 7 aos 10, é fácil manter a mesma dinâmica, treinos em pistas curtas e fechadas porque o treino de jovens baseia-se em desenvolvimento de destreza e controlo da bicicleta na ultrapassagem de pequenos obstáculos.

Mas quando passamos para as provas em linha e à medida que a paixão dos jovens aumenta e a idade também, o treino em estrada “aberta” tona-se algo incontornável e a superprotecção parental entra em colisão com o próprio desporto.

O jovem juvenil (13 e 14 anos) precisa de ir para a estrada treinar e aqui é complicado gerir os sentimentos enquanto pai e mãe. Falo por experiencia própria!

Nas décadas de 80 e 90 era ainda normal crianças andarem a brincar na rua sem o olho gordo dos pais, a partir do momento em que aprendíamos a andar de bicicleta estávamos “encartados” e autorizados pelos progenitores a vaguear pelo bairro e redondezas com os amigos. Pelo menos comigo foi assim!

Hoje as coisas muito diferentes!

Chegou o dia em que o Rafael, precisava de começar a sair sem a asa protectora do pai, eu sabia disso, já a minha esposa nem por isso.

Perante a histeria social a que estamos expostos, é difícil aceitar que uma criança com 13 anos é suficientemente responsável para andar a treinar ciclismo sozinha, que é como quem diz: com os amigos da mesma idade, mas sem um adulto a supervisionar.

O Rafael há muito que pedia para sair com os colegas de equipa, mas ia-se adiando, arranjando desculpa, ou simplesmente dizendo que era muito novo.

A mãe não via isto com bons olhos a exemplo de muitas outras e eu ia deixando passar.

A verdade é que chega a um ponto que, ou o jovem avança, ou e vai para a rua, ou a sua progressão no ciclismo (seja ele btt, ou ciclismo de estrada) está fortemente comprometido, mas convencer uma mãe disto, é outra história e lá se iniciou uma batalha cheia de argumentos e exemplos e outros que tais.

Vencida a primeira batalha e feita a primeira experiência o caminho é mais fácil, mas fica sempre o receio e a preocupação quando ele sai, o alivio quando volta e o tremor quando o telemóvel dele toca (por norma para dizer que vai chegar mais tarde porque se entusiasmaram na volta e rendeu mais uns quilómetros).

A experiencia também me diz que mais tarde, ou mais cedo surgirá a primeira lesão, a primeira queda séria, não fosse isto ciclismo. Quando surgir esta situação vamos a ver como reage a mãe.

Mãe de ciclista sofre!

Aqui ficam alguns truques para lidar com a saída autónoma dos miúdos:

  • Saber para onde vai,
  • perceber os timmings de chegada a determinados pontos,
  • conhecer minimamente os colegas e saber quantos estarão no grupo,
  • ter os contactos de alguns dos amigos,
  • mandar sempre o telemóvel com ele carregado com bateria, saldo e protegido para quedas,
  • ensinar bem os jovens ciclistas a circular na via publica, posição a ocupar e regras de transito, a respeitar e agradecer aos demais utilizadores,

E não se preocupem porque o ciclismo não é mau nem mais perigosos que jogar futebol, é apenas diferente e talvez mais exigente, mas isso significa também que terá uma criança bem melhor preparada para lidar com as adversidades.

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