O piloto de Motociclismo Miguel Oliveira, é por estes dias razão de noticias e comentários por boas e por más razões.
Em jeito de comentário a uma campanha lançada pelo ACP, o piloto de motociclismo Miguel Oliveira, que por estas alturas tem tido protagonismo por mérito desportivo, deu recentemente uma entrevista para a revista oficial do mesmo clube, onde proferiu umas declarações, que do meu ponto de vista formam no mínimo infelizes e mal reflectidas.
Segundo o próprio e conforme se pode ler na entrevista, ele diz o seguinte referindo-se aos ciclistas:
(…)mas penso que a questão se dirige aos ciclistas, aos quais as leis lhes permitem uma utilização abusiva da via sem responsabilidades ou respeito pelos restantes utilizadores.(…)
Mas??… Não foram os ciclistas equiparados aos automobilistas e demais utilizadores, onde se inserem também os motociclistas?
A pergunta era simples como podem ler, referia-se à convivência entre motociclistas e automobilistas, será que fui o único a não compreender como vem parar os ciclistas aqui ao meio?
Mas se a ideia do Piloto era aqui de alguma forma denegrir a imagem dos ciclistas Portugueses, ele não traçou um panorama melhor do automobilista.
(Pergunta) – Qual a ideia que tem do condutor típico Português?
(Resposta Miguel Oliveira) –Penso que o uso do telemóvel enquanto conduzem faz da grande maioria maus condutores, chegam mesmo a perder o bom senso.
Mas vá lá que há algo em que até concordo com o jovem, de que nem toda a gente tem habilitações psicológicas para ser empossado de autorização legal para conduzir uma viatura motorizada e capaz de provocar tantos danos.
A campanha em causa intitula-se: “Nós Partilhamos a Estrada” (onde é que eu já vi isto?) e apela aos automobilistas a “nunca perderem de vista os mais vulneráveis”, o que eleva a fasquia daquilo eu considero pura demagogia de um clube que, por mais do que uma vez, se manifestou claramente contra os ciclistas.
Primeiro porque não é com autocolantes nos retrovisores que resolve o problema, quando muito seria com autocolantes no vidro frontal. Pois o problema é quando o ciclista está à frente do automobilista e não atrás.
O problema da sinistralidade rodoviária é bem mais grave e não vai ser resolvida a “olhar pelos retrovisores”, a não ser que seja uma metáfora para dizer que devemos olhar para trás para resolver os problemas que temos pela frente.
Segundo uma campanha lançada este anos (2015) pela ANSR, mais de 20 crianças e jovens morrem, ou ficam feridos com gravidade todas as semanas, vitimas de automobilistas, como nós.
Mas deixando as opiniões de lado e falando de números, só no primeiro trimestre do ano resultaram de acidentes com automóveis 355 vitimas em velocípedes, dos quais 6 vitimas mortais; 1349 peões, dos quais 36 vitimas mortais.
Parece que a campanha de sensibilização além de estar “mal orientada em direção” (devia por as pessoas a olhar para a frente e não pelos retrovisores), não está devidamente consciencializada do problema.
O problema não está nos ciclistas, está nos automobilistas, porque se retirasse-mos todos os ciclistas da estrada, continuaríamos a ter 36 mortos, apenas no primeiro trimestre do ano.
Ao ACP recomendo “Partilhe a Via”.